Especialista em joelho, o ortopedista Dr Raphael Serra Cruz explica tudo sobre as dores, prevenção e tratamentos nos joelhos

 

Você pode sentir dores no joelho por muitos motivos como: Ao iniciar uma atividade física, ser sedentário e até por alguma doença. O importante é ficar atento caso a dor não passe com analgésicos e dure mais de 3 dias.

Conversamos com o ortopedista Dr Raphael Serra Cruz da Clínica Quovita no RJ, que é especialista em joelho e falou sobre as causas mais comuns, prevenção e tratamentos para o joelho.

Segundo o médico, dentre as principais causas de dores em pacientes jovens, estão as tendinites, lesões meniscais, estiramentos musculares, lesões ligamentares, lesões osteocondrais, lesões por sobrecarga (ex. fratura por estresse), fraturas clássicas e até mesmo doenças reumáticas. “Algumas lesões ligamentares podem não doer tanto, mas evoluir com instabilidade e também merecem atenção”, explica o ortopedista.

Já nos idosos (e mesmo em alguns jovens), é acrescentado aos fatores acima a artrose e as fraturas por insuficiência.

Ainda segundo o Dr Raphael, a obesidade também pode ser um fator de risco para o desenvolvimento de dores e doenças nos joelhos, porém, não é regra e muitos pacientes obesos não desenvolvem nenhum tipo de problemas nos joelhos. ”Existem muitos pacientes obesos que não desenvolvem problemas no joelho e a resposta para esta questão talvez se encontre na área da genômica, que está em constante desenvolvimento”, observa Dr Raphael Serra Cruz.

O ortopedista explicou ainda que os problemas da obesidade não estão limitados ao aumento da carga que a articulação sofre, mas também a um estado pró-inflamatório que o obeso tende a apresentar, favorecendo um processo conhecido como sinovite (inflamação do tecido articular). “A obesidade é uma doença metabólica e suas consequências não estão restritas à estética”, afirma.

Confira abaixo algumas dicas do Dr Raphael Serra Cruz para prevenir e tratar problemas nos joelhos:

 

– Prevenção: De um modo geral, alongamento e fortalecimento são alguns dos principais fatores para prevenir lesões. Acrescente a isso um bom controle neuromuscular, que envolve o gesto motor do esporte praticado pelo paciente, e o volume de treinamento (demanda) para fechar essa “equação”. Portanto, manter uma rotina que inclua alongamentos, musculação, treinamento do gesto esportivo correto e o controle da carga e tempo de treinamento, sob orientação de um profissional de educação física, é a melhor maneira de prevenir lesões.

 

– Obesidade X Atividade física: A atividade física faz parte da abordagem ao paciente obeso e deve ser estimulada, com algumas restrições iniciais. Assim como todo paciente (não somente o obeso), é preciso haver um preparo prévio tanto do aparelho locomotor quanto do cardiovascular. Para pacientes com muitas dificuldades, costumo sugerir inicialmente atividades físicas na água, por reduzir o efeito da gravidade. Para os que não têm acesso a piscina, atividades que favorecem alongamento e fortalecimento isométrico (sem movimento articular) são preferidos inicialmente, como pilates ou algumas aulas em academias direcionadas para este público. Isso com o objetivo de permitir que o paciente, em uma fase mais avançada, volte a conseguir praticar atividades como corrida ou seu esporte preferido sem grandes riscos.

 

– Idosos X dores nos joelhos:

De um modo geral existe, sim, uma tendência aos idosos sentirem mais dores nos joelhos, pelo motivo óbvio do desgaste natural que acontece com o tempo. Mas, novamente, isto é muito variável. Nem todo idoso vai ter dor no joelho, ou no quadril, ou em qualquer outra articulação. Isto vai depender de uma série de fatores e, dentre eles, volto a citar a genética. Existem pessoas que possuem uma “maquinaria” celular mais eficiente que outras, de modo que duas pessoas de mesma idade, peso e sexo, podem ter sido submetidas ao longo da vida a cargas semelhantes, sendo que uma desenvolve artrose e a outra não. A ciência ainda está em busca destas respostas, que não se limitam a um ou outro fator exclusivamente.

 

– Idosos X Prevenção e tratamento: A prevenção envolve as medidas citadas anteriormente. Basicamente as variáveis a serem controladas são: Flexibilidade, força muscular, controle neuromotor com uma boa eficiência de movimento (direcionado para cada esporte) e o volume de treinamento. No que diz respeito ao tratamento, vai depender da causa. Uma quantidade enorme de patologias pode ser inicialmente tratada com simples medidas de suporte como repouso e gelo. Algumas vão requerer uso de medicação. Em geral, se pudermos evitar o uso de anti-inflamatórios, melhor. Pensando na artrose, existem ainda medicamentos específicos como condroprotetores (protetores de cartilagem) e infiltrações intra-articulares conhecidas como viscosuplementação que podem ajudar a retardar a progressão da doença e oferecer melhor qualidade de vida antes de se pensar em cirurgia. Fisioterapia é uma das modalidades de tratamento que mais utilizo para meus pacientes. Uma fisioterapia bem indicada e bem realizada resolve muitos dos casos! Por fim, existem as indicações de cirurgias, que são minoria e vão variar muito de acordo com cada situação.